A aprendizagem é, de fato, um processo, o que significa dizer que se trata de um conjunto de eventos concatenados que se sucedem, de modo que o evento seguinte é, em parte, influenciado pelo anterior. Além disso, é um processo contínuo que se desenvolve ao longo de toda a existência do indivíduo. Assim, em condições normais, não existe um momento a partir do qual não haverá mais aprendizagem.
Conceitualmente, esse processo consiste na obtenção de uma informação oriunda do meio onde está inserido, com a qual o indivíduo constrói uma representação desse meio. Essa representação será armazenada e utilizada na produção de respostas às provocações oriundas de tal meio.
Para a Professora Waldênia Leão Carvalho, da Universidade Federal de Pernambuco, “para que aconteça realmente o aprendizado, não basta apenas a transmissão de um conhecimento, mas sim a construção de habilidades e competências”. Desse modo, a aprendizagem pode ser vista, então, como o conjunto de mudanças introduzidas no comportamento ou no desempenho, resultante da experiência adquirida.
Na criança, por sua vez, a aprendizagem se dá simultaneamente aos processos de maturação, tanto biológica, quanto psicológica. Nela ocorre aquela interação do indivíduo com o ambiente de suas relações, que resulta na aprendizagem, ao mesmo tempo em que as próprias estruturas do corpo estão se desenvolvendo, crescendo e se especializando. A interação social na aprendizagem da criança
Desde que vem ao mundo, a criança, ainda bebê, interage com os adultos. São eles que, ao mesmo tempo em que garantem sua sobrevivência, também mediam suas relações com o meio. É o efeito família introduzindo o indivíduo na realidade do mundo.
Ao longo dos anos, à medida que a criança se desenvolve e internaliza essas relações, vai se desprendendo da necessidade direta de um, com quem interagiu inicialmente, para se relacionar com outro, construindo relações e aprendendo.
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Lev Semenovitch Vygotsky, um psicólogo bielo-russo, considerado uma referência para a concepção do ensino como um processo social, considera que a aprendizagem resulta dessas diversas relações com os meios físico e social. Para ele, “essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social”.
Assim, considerando-se o ambiente social, o professor passa a ter um papel essencial como um impulsionador do desenvolvimento da criança, vale dizer, do seu processo de aprendizagem. É ele que, além de interagir diretamente com a criança, também media parte de suas relações sociais na escola, o que ela aprende se relacionando com os colegas e com ele próprio. O aprendizado da leitura e da escrita e suas dificuldades
Leitura e escrita são essenciais, primeiro para todo o processo de aprendizagem na escola. Mas também para toda a interatividade do indivíduo com a sociedade.
No entanto, esses processos não ocorrem da mesma forma para todas as crianças. Além disso, o aprendizado da leitura e da escrita, talvez seja o maior desafio enfrentado pelas crianças em sua jornada de aprendizagem e, certamente, não é um processo simples.
Para a educadora Emília Ferreiro, “leitura e escrita são sistemas construídos paulatinamente”. A especialista considera que “o desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais, assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças”.
Ao longo do processo de aprendizagem da leitura e da escrita surgem dificuldades para a criança – e essas dificuldades, invariavelmente, afetam a sua autoestima. Por essa razão, a interação social com o professor toma, ainda, uma maior importância pela necessidade de superação daquelas dificuldades.
No início da aprendizagem, a criança identifica os símbolos impressos, letras e palavras, assim como sua relação com os sons que representam.
Porém, segundo o educador Antonio Manuel Pamplona Morais, “para ler, não basta apenas realizar a decodificação dos símbolos impressos, é necessário que exista, também, a compreensão e a análise crítica do material lido. (…). Sem a compreensão, a leitura deixa de ter interesse e de ser uma atividade motivadora”.
Ressalta-se aqui, ainda mais, a importância do trabalho do educador em sala de aula. Dessa forma, o professor não deve pretender que todos os alunos aprendam igualmente, mas que todos possam “trabalhar reflexivamente e construir o pensamento coletivamente, sem que ninguém seja marginalizado ou deixado de lado”. O aspecto lúdico da aprendizagem
No processo de aprendizagem da criança, é de se destacar o seu aspecto lúdico, uma vez que a relação brincar/aprender “propicia a toda criança subsídios para seu desempenho futuro e para seu desenvolvimento cognitivo e de linguagem”.
Estudo publicado por educadores da Fundação Educacional de Oliveira (FEOL), de Minas Gerais, aponta que “o professor que brinca junto com seus alunos proporciona aos mesmos, diferentes oportunidades de ampliar o conhecimento e de interagir com outros colegas. Nesta interação o ambiente se torna fértil para que a criança sinta, pense, expresse e dê significado às relações que permeiam sua vida, tornando o processo ensino-aprendizagem menos penoso e mais prazeroso”.
O tema é fascinante. Especialistas consagrados, como Piaget, Wallon e Vygotsky – para citar apenas alguns – abordam com minúcias cada aspecto e constroem teorias que nos auxiliam na compreensão de como se dá o processo de aprendizagem da criança e que, em razão de seu componente social é, em última instância, responsabilidade de todos com quem ela mantém contato.
Você concorda que são múltiplos atores os partícipes do processo de aprendizagem das crianças? Deixe o seu comentário!