Você já pensou como estas palavras se relacionam?
Paulo Freire é um dos grandes nomes da educação, seus trabalhos inauguraram novos paradigmas nesta área.
Ainda que as pessoas não se deem conta, as ideias Freirianas baseiam muitas ações em diversas atividades humanas e sociais. Então vamos entender como pensar a educação formal, inicialmente tão disciplinadora e verticalizada, sob a ótica da autonomia?
O Ministério da Educação (MEC) publica o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil, desde 1998, documento que “constitui-se em um conjunto de referências e
orientações pedagógicas que visam a contribuir com a implantação ou implementação de
práticas educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condições necessárias
para o exercício da cidadania das crianças brasileiras”.
De acordo com este Referencial Curricular, a autonomia é “a capacidade de se conduzir e
de tomar decisões por si próprio, levando em conta regras, valores, a perspectiva pessoal,
bem como a perspectiva do outro”. Assim, o conceito avança muito além do simples
autocuidado, isto é, da capacidade de vestir-se, calçar-se, alimentar-se etc.
Paulo Freire e a autonomia
O educador Paulo Freire, por sua vez, considera que a autonomia é a capacidade e a
liberdade de construir e reconstruir o que lhe é ensinado. E não descarta a responsabilidade
do educador ao afirmar que este deve respeito à autonomia, à identidade e à dignidade do
educando.
Para ele, a autonomia é o ponto de equilíbrio entre as vertentes de autoridade e de
liberdade no processo educativo, de modo a legitimar cada uma. Em sua obra, consolida
essa visão em seu último trabalho publicado ainda em vida: Pedagogia da Autonomia.
A escola tradicional, quando se orientava por uma relação unilateral, onde o saber e a moral
eram fornecidos pelo adulto, revestia o educador de uma autoridade intelectual e moral,
cabendo ao aluno obedecê-lo. No entanto, quando se pensa em autonomia, a concepção de
Paulo Freire é a de que “ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades
para a sua própria produção ou a sua construção”. Essa a principal concepção do autor.
Ao educador é requerido o aproveitamento das experiências das crianças e a criação de
possibilidades, para que nelas desperte o autoconhecimento e se estimule a socialização.
Para Paulo Freire, ainda, a educação é o meio de se promover a transformação da realidade.
E a construção de um tal conhecimento deve se dar em parceria com o educando, parceria
que consolida a autonomia das partes. Desse modo, o educador é antes um facilitador no
processo de aprendizagem.
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O bom senso na educação de Paulo Freire
O educador, na escola de Freire, deve estar vigilante consigo mesmo e, a todo o momento,
lançar mão do seu próprio bom senso na avaliação rotineira, por exemplo, dos excessos de
formalismos nas relações com os alunos. É o bom senso do educador que fará o papel de seu
próprio guia quando em situações pedagógicas conflituosas.
É, ainda, o bom senso do educador que o fará suspeitar de que, se a escola está engajada na
real formação do educando, não pode estar alheia às condições sociais, culturais e
econômicas do universo em que estão inseridos os seus alunos.
Desse modo, Paulo Freire indica que toda teoria precisa estar afinada com o exercício
cotidiano do educador que, por sua vez, passa a ser uma referência para os alunos.
Paulo Freire, a autonomia e o aperfeiçoamento do educador
Segundo Freire, “a luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve
ser entendida como um momento importante de sua prática docente”.
Considera que, assim como a Pedagogia da Autonomia dirigida ao trato com os educandos
deve estar referenciada por experiências que estimulem a decisão e a responsabilidade dos
alunos, também o professor necessita autoridade e liberdade, embora não confundidas com
autoritarismo e licenciosidade.
Por outro lado, uma permanente avaliação crítica do professor em relação à sua própria
prática pode revelar-lhe uma necessidade de desenvolvimento de determinadas virtudes em
si mesmo, a fim de viabilizar o exercício que o bem senso aponta, do respeito à autonomia, à
dignidade e à identidade do educando.
O educador, então, deve buscar se aprimorar em sua arte a fim de estar apto e à altura de
sua missão. Eis que é imensa a responsabilidade do educador.
Para Paulo Freire, alguns saberes são requeridos para uma boa prática educativa:
- Ensinar exige rigorosidade metódica
- Ensinar exige pesquisa
- Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos
- Ensinar exige criticidade
- Ensinar exige estética e ética
- Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo
- Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação
- Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática
- Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural
Finalmente, há que se considerar que ao educador é indispensável gostar do que faz. Melhor
ainda, deve amar o processo educativo do qual é peça essencial.
Ainda que as condições oferecidas ao exercício da educação estejam muito aquém, deve o
educador reivindica-las, de modo a torna-las uma realidade. Afinal, este é um dos principais
objetivos do processo educativo: alterar a realidade.
Parafraseando Paulo Freire:
Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra.
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